VLS 1 (Veículo Lançador de Satélites)
Bem, este é o primeiro de uma série de artigos que resolvi escrever sobre um assunto pouco explorado e difundido, tanto no meio acadêmico quanto na imprensa de nosso país. Estou falando do Projeto Espacial Brasileiro.
Realmente é um pouco estranho se falar de projeto espacial em um país onde grande parte de sua população ainda passa por dificuldades para conseguir se alimentar, onde 28,8%* de seu povo vive em pobreza absoluta. O Brasil é uma nação que ainda possui altos índices de analfabetismo e que apresenta baixíssimos índices de desenvolvimento humano com taxas de mortalidade infantil de fazer vergonha.
Mas, mesmo tendo todos esses problemas em maior escala de importância e urgência para serem tratados, é importante também que o Brasil possua um projeto de exploração espacial. Claro que é absurdo se pensar em um projeto de exploração espacial nos moldes dos projetos americano e russo, na realidade até mesmo esses países vem diminuindo consideravelmente os recursos para seus projetos, tendo em vista o fim da Guerra Fria e da corrida espacial.
Num mundo globalizado como o de hoje, as necessidades para uma exploração espacial são sustentadas por questões econômicas e não mais por necessidades militares. É economicamente interessante que o Brasil possua tecnologia espacial. Nosso país está tentando entrar em um setor da economia ainda restrito a um pequeno grupo de nações. Possuir tecnologia para o lançamento de satélites geoestacionários e de telecomunicações é hoje o foco principal do Projeto Espacial Brasileiro encabeçado pela AEB (Agência Espacial Brasileira) com a participação da FAB (Força Aérea Brasileira), do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e de outras instituições ligadas a área de pesquisa, desenvolvimento e tecnologia, como universidades e faculdades.
Países em desenvolvimento como Rússia, China e Índia já possuem esta tecnologia e lucram economicamente com a exploração deste tipo de serviço. O Brasil tem potencial para ser uma alternativa economicamente interessante no lançamento de satélites, caso venha a dominar esta tecnologia, por possuir uma grande extensão territorial e boa localização geográfica.
Cabe ao governo brasileiro a persistência pela busca deste conhecimento. Este processo desencadeará um ciclo virtuoso que, assim como aconteceu em outros países, ajudará, com o desenvolvimento tecnológico que tal atividade desencadeia, - aumentando e incentivando a produção científica, criando centros de excelência na formação de profissionais em tecnologia - toda a indústria nacional a tornar-se cada vez mais competitiva e atraente também na produção de bens de alta tecnologia e valor agregado.
* Índice
divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
Bons apontamentos e bom texto também.
ResponderExcluirFiz comentários semelhantes no meu blog sobre o programa espacial brasileiro e o enorme potencial que nós temos para ser um polo espacial no hemisfério sul. Infelizmente, o programa é pequeno, fragmentado, com gente da velha guarda que não consegue passar conhecimento por falta de gente para trabalhar no ramo.
Investimentos feitos e parcerias com Rússia e Ucrânia estão na lista de espera por falta de recursos. É lamentável ver esse talento e esse valor indo para o ralo.
Abraço!
Vc tem razão qndo diz q nosso programa é pequeno e fragmentado. Uma pena msm.
ResponderExcluirJá as parcerias, principalmente no projeto Alcântara Ciclone Space está empacada por culpa nossa. E não é somente a falta de recursos o único culpado por esse fiasco, mas tbm nossa infindável burocracia e as trapalhadas do governo brasileiro - exemplo a confusão criada pela lei de proteção as áreas ocupadas por quilombolas.